Brasil tem déficit de 54 mil médicos

O Brasil acumulou na última década um déficit de 54 mil médicos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Entre 2003 e 2012 o País ofereceu novos postos de trabalho para 147 mil médicos e só formou 93 mil profissionais.
Esse déficit tende a aumentar, já que o Ministério precisa contratar 26.311 médicos para os postos de saúde e hospitais públicos que serão construídos até 2014.

No último concurso realizado pelo Ministério para prover os quadros de 1.307 municípios, foram abertas 13 mil vagas para médicos, com salários de R$ 8 mil e diferentes benefícios trabalhistas, mas apenas 3.800 postos foram preenchidos. Ainda segundo o Ministério, o Brasil tem um médico para cada mil habitantes, a Argentina tem 3,2 e o México 2,0.
Para igualar o sistema de saúde brasileiro ao da Inglaterra – adotado como modelo pelo País e onde há 2,7 médicos para cada mil habitantes – o Brasil precisaria contar com 168.424 profissionais. Em nota oficial divulgada na última quinta-feira (23), o Ministério da Saúde aponta esse déficit como “um dos principais gargalos à ampliação da saúde pública” e afirma que o problema será enfrentado pelo Governo Federal “com medidas para levar mais médicos às regiões que mais necessitam deles”.

“A solução não é só trazer médicos estrangeiros. Essa é só uma parte da solução”, assegura o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele lembra que países como Inglaterra e Canadá também contrataram médicos estrangeiros para suprir seu déficit de profissionais em cidades do interior.
O Brasil está negociando com Portugal, Espanha e Cuba a possibilidade de contratar médicos desses países aos quais lhes oferecerá cursos de português (para espanhóis e cubanos) e vistos de trabalho dentre dois e três anos para atender as áreas carentes, principalmente rurais, nas quais a atenção de saúde é deficitária.

O número de médicos estrangeiros a ser contratados ainda não foi estabelecido, mas o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, já assegurou, em reunião com autoridades cubanas este mês, que o Brasil necessitaria de pelo menos 6.000 profissionais de Cuba. O Conselho Federal de Medicina (CFM) do Brasil, entidade que regula o exercício da profissão no país, se opõe à iniciativa.

Encontro da OMS discute médicos estrangeiros
O Brasil vai sediar, no fim deste ano, uma conferência da Organização Mundial da Saúde (OMS) para discutir a formação de profissionais da área, sobretudo médicos. Serão definidos pelos países critérios para ampliação e distribuição de vagas de especialistas e a criação de mecanismos de cooperação internacional para ajudar as nações com baixas proporções de médicos por habitantes a equilibrar a disponibilidade dos profissionais.
?A escolha do Brasil para receber o encontro, que ocorrerá em Recife (PE), foi acertada durante a 66ª Assembleia Mundial de Saúde, que está sendo realizada em Genebra, na Suíça, até a próxima terça-feira (28). “O Brasil foi escolhido por ter pautado a discussão sobre este tema (atração de médicos estrangeiros) na política internacional de saúde”, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Na última quarta-feira (22) retornou ao Brasil a equipe do Ministério da Saúde que participou em Genebra das reuniões sobre políticas de atração e fixação de médicos estrangeiros em países como Canadá, Espanha, Portugal e Reino Unido.
“Vamos ouvir detalhes não só sobre possíveis acordos bilaterais com Espanha e Portugal, mas também sobre como países como Austrália, Canadá e Inglaterra fazem para atrair médicos estrangeiros”, explicou o ministro Padilha.

Entre os possíveis acordos bilaterais que o Brasil avalia, está o que prevê intercâmbio para especialização de médicos em universidades de países europeus. “O Brasil precisa dar mais oportunidade para os médicos fazerem especialização nas áreas que mais precisamos. No caso dos anestesiologistas, por exemplo, são formados atualmente no Brasil quase 600 por ano para uma população de 200 milhões de habitantes. A Inglaterra forma 3,2 mil profissionais para uma população de 60 milhões de habitantes”, disse.

Padilha ressaltou o caráter transitório de todas as medidas em análise pelo governo. “O estruturante é criar mais vagas de medicina no interior, abrir mais vagas nos cursos de medicina que permitam a entrada de filhos de trabalhadores e criar mais hospitais com programas de residência. Só que (o processo) pode demorar e intercâmbios podem dar oportunidades para médicos brasileiros ampliarem sua formação como especialistas mais rapidamente”, disse.

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