Viana reage às acusações de Joaquim Barbosa sobre criação de TRFs

 

Ministro do Supremo disse que PEC que propõe novos tribunais foi aprovada “de maneira sorrateira” 

“Eu fui relator da proposta e
não fiz nada de maneira
sorrateira”, rebateu

 

As declarações irônicas e desastradas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, sobre a criação de novos tribunais regionais federais provocou uma reação indignada do vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC). Relator do texto que autorizou a criação de quatro novos tribunais, Viana rechaçou com veemência a acusação de Barbosa de que a Proposta de Emenda Constitucional, que passou pela Câmara dos Deputados na semana passada, depois de ser apreciada pelo Senado, teria sido aprovada de maneira sorrateira.

 

“Quem cala consente e eu não vou calar. Eu sou um senador da República, estou vice-presidente do Senado e falou-se que a votação foi sorrateira. O que é sorrateiro? É algo feito de madrugada, às escondidas e por meio de negociata. Eu fui relator da proposta e não fiz nada de maneira sorrateira”, rebateu. Ele também criticou o clima estabelecido entre uma autoridade importante do Poder Judiciário integrantes de entidades de classe,  que representam juízes.

 

“Dessa vez ele errou, e errou feio”, disparou Viana,referindo-se a Barbosa, e lembrou a longa tramitação da matéria. “Como disse o Walter, esse debate já dura onze anos”, disse, referindo-se a declarações do senador Walter Pinheiro (PT-BA) que, nos corredores do Senado, também comentou sua revolta.

 

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“Quando o ministro se dirige a um juiz
federal exigindo que ele só fale quando
for autorizado, isso é ou não um
comportamento ditatorial”?

Viana foi aparteado pelo senador Aníbal Diniz (PT-AC) que, além de criticar o comportamento destemperado do ministro no trato com um magistrado, questionou: “quando o ministro se dirige a um juiz federal exigindo que ele só fale quando for autorizado, isso é ou não um comportamento ditatorial”?

 

Destempero

O novo episódio envolvendo o temperamento difícil do ministro do STF ocorreu durante uma audiência com associações de magistrados nessa segunda-feira (8). Joaquim Barbosa partiu para o bate- boca com o vice-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Ivanir César Ireno. Na reunião, um Barbosa visivelmente irritado com a aprovação da PEC que prevê a criação de mais quatro tribunais regionais federais no País acusou os representantes das associações de terem agido de maneira “sorrateira” para “induzir” os parlamentares ao erro.

 

“Pelo o que eu vejo, vocês participaram de maneira sorrateira da aprovação. São responsáveis, na surdina, pela aprovação”, atacou. “Sorrateira não! Democraticamente, de forma transparente. Emitimos nota técnica. Sorrateira em hipótese alguma!”,reagiu o juiz.

 

Ainda mais alterado, Joaquim Barbosa pediu para que o juiz baixasse o tom de voz e lembrou que ele estava no gabinete da presidência do STF. “Somente dirija a palavra quando eu lhe pedir!”, exigiu.

 

Essa não é a primeira vez que o gênio forte  e o destempero de Joaquim Barbosa provocam reações. Há cerca de um mês, ele atacou um repórter que lhe fez uma pergunta logo após uma  reunião do Conselho Nacional de Justiça. Barbosa mandou o jornalista “chafurdar no lixo como você faz sempre”.

 

Mais tarde, a assessoria de imprensa do ministro divulgou nota se desculpando com o repórter e atribuindo o destempero de Barbosa ao cansaço e às fortes dores na coluna, que o acompanham há anos.

 

Com relação ao episódio de ontem, ainda não houve qualquer manifestação de recuo ou nota de desculpas vinda da assessoria de Barbosa.

 

Giselle Chassot

 

Acompanhe o áudio da discussão entre Barbosa e o representante da Ajufe


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