Viana diz que Governo estuda fazer o abastecimento do Acre pelo Peru

Senador do PT do Acre cobra “explicação plausível” do DNIT sobre vulnerabilidade da BR-364

Viana: abastecimento do Acre e de Rondônia
poderá ser feito pelo Peru (Agência Senado)

As autoridades não poupam esforços para tentar contornar a situação de quase isolamento em que se encontra o Acre com a elevação das águas do Rio Madeira, de acordo com o senador Jorge Viana (PT-AC). Após passar a última terça-feira (25) sobrevoando Acre e Rondônia – os dois estados brasileiros afetados pela cheia –, o parlamentar ressaltou, em entrevista nesta manhã, que os governos estaduais e federal estão em permanente diálogo sobre a situação. Para evitar o risco de desabastecimento, a presidenta Dilma Rousseff e o governador Tião Viana estudam, por exemplo, levar produtos de subsistência pelo Peru.

“A presidenta Dilma ligou varias vezes para o governador Tião Viana e está se pensando todas as alternativas, inclusive de se fazer o abastecimento do Acre pelo Peru. Porque nós tínhamos construído a estrada do pacifico e agora ela pode ser útil para isso”, afirmou Viana no programa “Conexão Senado”, da Rádio Senado.

 O risco de isolamento existe porque as águas estão invadindo a BR-364, única ligação terrestre do Acre com o restante do País. Em alguns pontos da estrada há uma lâmina d’água 80 centímetro, por essa razão a Polícia Rodoviária Federal proibiu, por segurança, o tráfego de veículos à noite; e durante o dia apenas alguns caminhões (exceto os do tipo cegonha) estão liberados. “Só está passando caminhões com produtos perecíveis. E são 20 caminhões no máximo a cada hora em determinados horários do dia”, informou o senador petista.

O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) está monitorando a cada 15 minutos o nível de água do Rio Madeira, que está mais de 18 metros acima do leito normal. Segundo o Sipam, que acompanha o rio desde 1967, está já é a maior cheia da história, embora a previsão seja de que as águas do rio Madeiro continuarão a subir até o fim da primeira quinzena de março. Apenas ontem, destacou Jorge Viana, houve uma elevação de 5 cent´metros do nível de água na região dos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, em Rondônia.

“Em alguns lugares, a imagem é assustadora, da maior gravidade”, disse o parlamentar, traduzindo o que viu ao lado do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, ao sobrevoar pela segunda vez a região na tarde passada. E faz um paralelo: “o Rio São Francisco tem uma vazão de 1,5 mil metros cúbicos de água por segundo. Ontem, o rio Madeiro estava com 52 mil metros cúbicos por segundo; ou seja, 50 vezes a vazão do São Francisco. É quase inacreditável o volume de água”.

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Pedidos de informações
Durante a entrevista, o senador lembrou ainda que desde o início da cheia surgiram boatos que ela teria sido provocada pelas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, ambas no Rio Madeira. Os rumores foram provocados especialmente pelo governo da Bolívia, que também sente os efeitos do excesso de águas. No país vizinho, a imprensa local contabiliza 60 pessoas mortas e 100 mil cabeças de gado perdidas.

Mesmo considerando falaciosa a tentativa de responsabilizar as atividades das usinas, Jorge Viana enviou um pedido de informações ao Ministério de Minas e Energia sobre a possibilidade de Jirau e Santo Antonio terem participação no desastre. “Eu acho que não tem uma relação direta. Mas apresentei o requerimento porque a população que me questiona nas redes sociais, que se preocupa, tem que ter uma resposta oficial do Governo”, justificou.

O petista também enviou questionamentos ao Ministério dos Transportes e ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), para entender como os estudos que antecederam a obra da BR-364 permitiram que ela ficasse vulnerável em épocas de cheia. “Não tem sentido a BR-364 ficar submersa em alguns trechos, porque quando se faz uma rodovia é preciso apresentar um estudo de recorrência de cheia do rio de 100 anos, para a rodovia nunca ficar submersa. O que estamos vendo tem que ter uma explicação plausível”, rechaçou, para depois informar que a via precisará ser reconstruída para elevar o nível em pelo menos um metro, logo após as águas baixarem.

Catharine Rocha

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